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sexta-feira, 29 de julho de 2011

Desafio literário: dê-me cinco palavras e te darei um texto. Toca da Coruja.



- Mãe, tá entrando outra borboleta na cozinha...
- Toca pra fora meu filho, o lugar dela é na natureza.
A borboleta é linda, tem cores fortes, e pequenina, mas voa majestosamente, porém seu vôo não é perfeito, ela vacila em pleno ar. Percebo que já está cansada, deve ter enfrentado a tempestade de ontem, ventos muito fortes para uma frágil criaturinha, acho que não vai durar muito tempo.

Como em um balé, a pequena borboleta valsa em nossa cozinha. Meu filho maravilhado, observa com seus olhinhos brilhantes a pequenina dar vôos rasantes, e piruetas mirabolantes, ele sorri, e junto com ela faz seu bailado, seguindo e correndo com seus braços abertos, juntos como em uma exibição de uma esquadrilha, me encantando com a paixão com a qual executam esta coreografia improvisada, cheia de vida e de energia, até que a pequenina companheira de vôo de meu filho, para de bater suas asas, e plana suavemente para o chão....
E ai vem a constatação...
- Mãe ela tá morrendo...

Após um instante, em que o mundo parece que parou de girar, em um último suspiro e bater de asas, ela então para definitivamente de se mexer... diante daqueles olhinhos marejados, que a tão poucos instantes estavam vívidos de alegria e paixão, digo-lhe:
- Assim é a vida meu filho, tudo tem o seu tempo. A borboleta já viveu o tempo tela, agora outra jornada se iniciará...

- Mãe temos que dar a ela um enterro digno, ela lutou muito, viveu, chorou, sofreu, foi feliz e agora merece as honras de uma guerreira, mãe.
- Tá bom meu filho, toma aqui dois reais, vai na padaria comprar umas caixinhas de chicletes
- Mãe, olha o respeito...
- Desculpa filho (tenho que entrar no espírito da coisa). Vá nobre cavaleiro, em busca de um sepulcro digno de conter o corpo de tão nobre guerreira, para que sua alma tenha paz, uma vez que seu corpo esteja dignamente em descanso.....

Então meu filho parte em sua jornada, em busca de honrar sua nobre companheira de aventura, (ainda que tenha durado apenas alguns minutos).

Entrando no espírito da coisa, pego o telefone, ligo pra meu marido e peço, que antes de vir para casa, passe no armarinho compre um papel de seda preta, para que eu possa cobrir o caixãozinho da guerreira. Após lhe explicar a situação, ele me pede para colocar no aparelho de som a trilha sonora do filme Coração Valente e separar seu terno para que ele participe da homenagem. Tomei um banho, coloquei um vestido e separei roupas para os dois. Lembrei de pegar a borboletinha caída no chão da cozinha, lutei contra duas formigas que já se encontravam a canibalizar a pequenina, pequei algumas margaridinhas no quintal, cavei um pequeno buraquinho no chão perto do pé de cajá, e fiquei aguardando meus cavalheiros chegarem para podermos dar o merecido descanso a esta guerreira que por um breve momento conseguiu dar as nossas vidas um brilho maior, fez uma criança ser um pouco de adulto ao entender seu papel na vida e fez de nós adultos voltarmos a ser crianças e lembrar a olhar com outros olhos tudo que acontece ao nosso redor.
A homenagem é prestada, a guerreira descansa em paz, e ao som maravilhoso de Braveheart, tomamos um sorvete e nos abraçamos, nos sentindo mais unidos, fazendo ainda mais parte do todo, nos sentindo mais vivos.


Palavras: toca, morrendo, caixinhas, telefone e Chiclets

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